Secas e inundações causam insegurança alimentar na África Austral, alerta PAM
Lusaka, Zâmbia (PANA) - Secas e inundações na África Austral, devidas ao furacão El Ninõ, deixaram milhões de pessoas na insegurança alimentar, advertiu o Programa Alimentar Mundial (PAM).
Segundo a diretora executiva do PAM, Cindy McCain, que visitou recentemente a Zâmbia, o epicentro da crise, as secas destruíram colheitas nas regiões onde 70 por cento da população dependem da agricultura para sobreviverem.
Cindy McClain declarou ter visto cenários alarmantes e aflitivos, ao mesmo tempo.
"Encontrei-me com agricultores que cultivam habitual e suficientemente a terra para manterem as suas famílias e suas comunidades. Este ano, eles não colheram nada. Imaginem agora um cenário similar para milhões de pessoas em toda África Austral. Portanto, temos uma catástroge humanitária", alertou.
Embora o último fenómeno climático El Ninõ tenha acabado, as secas causadas por este ciclo de mudança climática far-se-ão sentir nos próximos meses, de acordo com o PAM.
As temperaturas aumentaram de maneira espetacular, o que resultou num mês de fevereiro mais seco, há decenias, na região, com uma redução de 20 por cento de precipitações necessárias ao crescimento das culturas.
Segundo o PAM, Zâmbia, Zimbabwe e Malawi foram os mais afetados, tendo declarado todos o estado de seca catastrófico.
Estes países arriscam-se a sofrer avultadas baixas de colheita, além de já terem perdido 40 e 80 por cento das suas colheitas de milho, lamentou a diretora executiva do PAM.
Reconheceu que 61.000.000 pessoas foram afetadas por El Niño, sublinhando no entando que os chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), lançaram, durante uma cimeira extraordinária, um apelo humanitário para angariarem 5.500.000.000 dólares americanos, a fim de completar os recursos internos dos países sacudidos pelo El Ninõ.
"Peço à comunidade internacional para se juntar a nós e intervir agora. Não podemos pedir a milhões de pessoas para esperarem pela próxima safra - em um ano - a fim de colocar a comida na mesa. Estas famílias precisam do nosso apoio hoje para as ajudemos a construírem um futuro mais resilientes", disse.
Embora o PAM tenha respondido a esta crise, acrescentou, ele precisa ainda de 409.000.000 dólares americanos, para apoiar, por seis meses, 4.800.000 pessoas no Malawi, na Zâmbia e no Zimbabwe.
Informou que a sua instituição trabalha com governos e parceiros a fim de ajudar comunidades a prepararem-se para catástrofes climáticas antes que elas ocorram.
Indicou que o PAM disponiblizou mais de 14.000.000 dólares americanos como financiamento antecipado com o fito de socorrer mais de 1.200.000 pessoas que devem ter sido afetadas por El Niño em agosto de 2023.
O PAM deu o seu apoio a comunidades no Lesoto, em Madagáscar, em Moçambique e no Zimbabwe, fornecendo-lhes alertas precoces relativamente a "riscos meteorológicos, transferências de dinheiro antecipadas, sementes resistentes à secas, formações agrícolas e fontes de água melhoradas", segundo McCain.
Anunciou que, dentro de algumas semanas, o PAM distribuirá cerca de 10.000.000 como compensações de seguro a cerca de 280.000 pessoas afetadas nos próximos seis meses, anunciou.
-0- PANA MA/NFB/JDG/DD 23maio2024