Agência Panafricana de Notícias

ONU defende “apoio maciço” a países em desenvolvimento para emergências oceânicas

Praia, Cabo Verde (PANA) - O Secretário-Geral (SG) da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, defendeu, segunda-feira, na cidade do Mindelo, na ilha cabo-verdiana de São Vicente, um “apoio maciço” aos países em desenvolvimento no âmbito das quatro medidas para acabar com a atual “emergência oceânica”, apurou a PANA de fonte segura.

Ao discursar na abertura da Cimeira dos Oceanos (Ocean Race Summit), que decorre naquela ilha, António Guterres assinalou que “acabar com a emergência oceânica significa fornecer apoio maciço aos países em desenvolvimento que vivem com os primeiros e piores impactos da degradação do nosso clima e de oceanos.”

Segundo ele, os países em desenvolvimento são vítimas de um sistema financeiro global moralmente falido, projetado pelos países ricos para beneficiar os países ricos.

O SG da ONU acusou os países mais ricos de "recorrentemente negarem aos países em desenvolvimento e, nomeadamente aos países particularmente vulneráveis de renda média e Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento  (SIDS, sigla em inglês), como Cabo Verde, financiamento concessional e alívio da dívida, de que precisam.”

“Continuarei a instar os líderes e as instituições financeiras internacionais a unirem forças e desenvolverem formas criativas de garantir que os países em desenvolvimento possam ter acesso ao alívio da dívida e ao financiamento concessional quando mais precisarem. Isso deve incluir a realocação de Direitos Especiais de Saque (DES) não utilizados, de acordo com as necessidades dos países em desenvolvimento”, disse.

Também  se vomprometeu a continuar a pressionar para se obter um pacote de estímulo de DES a fim de ajudar os Governos do sul a investir em sistemas que apoiem o desenvolvimento e a resiliência.

Afirmou estar sempre ao lado dos países em desenvolvimento enquanto protegerem e restaurarem os seus ecossistemas após décadas e séculos de degradação e perda.

Sublinhou, igualmente, que “acabar com a emergência oceânica requer indústrias marítimas sustentáveis”, o que significa práticas de pesca inteligentes e sustentáveis, incluindo a aquicultura, para garantir uma forte indústria do mar, no futuro.

“Significa administrar e regular cuidadosamente o desenvolvimento e a extração de recursos, com precaução, proteção e conservação no centro de todas as atividades. Significa a redução e prevenção da poluição marinha de fontes terrestres e marítimas, e significa parceiros públicos e privados investindo em conjunto na restauração e conservação dos ecossistemas costeiros”, apontou.

A este respeito, prosseguiu, os países podem imitar Cabo Verde, cujas ambições de conservação e proteção marinha estão firmemente incorporadas na sua estratégia nacional de desenvolvimento sustentável, ‘Ambição 2030’”.

Para o SG da ONU, acabar-se com a emergência oceânica significa, ainda, “vencer a corrida contra as mudanças climáticas.”

“Esta é outra corrida que a Humanidade está a perder. Num momento em que devemos reduzir as emissões de gases de efeito estufa para garantir o nosso futuro neste planeta, estamos prestes a ultrapassar o limite de 1,5 graus exigido por um futuro habitável. Agora é a hora de realizar ações reais sobre o clima”, enfatizou.

“Cumprir o estabelecimento do fundo de perdas e danos com o qual o mundo se comprometeu em Sharm El-Sheikh (Egito). Cumprir o compromisso de 100.000.000.000 dólares americanos. Cumprir a promessa de duplicar o financiamento da adaptação. Cumprir a redução das emissões, a eliminação gradual do carvão e a aceleração da revolução da energia renovável”, apelou Guterres.

-0- PANA CS/DD 24jan2023