França descarta credibilidade de eleições legislativas na Guiné-Conakry
Paris, França (PANA) – França considera que as eleições legislativas de domingo, realizadas simultaneamente com o referendo constitucional, na Guiné-Conakry, "não são credíveis devido à sua não inclusividade", por falta de consenso sobre o ficheiro eleitoral e pela ausência de observadores nacionais e internacionais.
"O caráter não inclusivo destas eleições e não consensual do ficheiro eleitoral, bem como o papel desempenhado por elmentos das forças de segurança e defesa que excedeu a simples garantia da segurança do processo, não permitiram a realização de eleições credíveis e cujo resultado possa ser consensual.
"França também constatou a ausência de observação regional e internacional por ocasião desta dupla votação”, declarou terça-feira Agnès von der Mühll, diretora da Comunicação e Imprensa e porta-voz do Quai d’Orsay (Ministério francês dos Negócios Estrangeiros).
Agnès von der Mühll sublinhou que França está a acompanhar com preocupação a situação na Guiné-Conakry, após a organização, no domingo, 22, de eleições legislativas e referendo com vista à modificação da Constituição, e condenou os atos de violência que provocaram, durante esse dia, a morte de vários cidadãos guineenses.
"França apoiará as iniciativas da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), da União Africana (UA) e da Organização Internacional da Francofonia (OIF) para desanuviar as tensões, na Guiné-Conakry, e restaurar rapidamente um diálogo entre todas as partes.
"Apela a todos os atores guineenses para a responsabilidade e a maior moderação”, indicou a porta-voz do Quai d’Orsay.
O poder guineense, lembre-se, organizou, além das eleições legislativas, um referendo constitucional no domingo último, contestado por manifestações da Frente Nacional para a Defesa da Constituição (FNDC) na Guiné-Conakry que denuncia que a adoção de uma nova Constituição abrirá a possibilidade dum terceiro mandato para o Presidente Alpha Condé, no poder desde dezembro 2010.
Atos de violência que seguiram a estes escrutínios causaram a morte de quatro civis e nove agentes da Unidade Especial de Segurança das Eleições, para além de sete polícias que ficaram gravemente feridos nestas manifestações, segundo o Governo, enquanto a FNDC declarou a morte de 14 pessoas e o ferimento a tiro de várias dezenas dos seus simpatizantes.
-0- PANA BM/BEH/FK/IZ 25março2020