Agência Panafricana de Notícias

Autoridades interditam aproximação das imediações do vulcão em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) – As autoridades cabo-verdianas interditaram a subida ao pico principal e a aproximação de pessoas até 500 metros da base do vulcão da ilha do Fogo, onde se tem registado, nos últimos dias, “sinais evidentes de fissuras no cone principal e deslizamentos de lavas à procura de novos pontos de estabilidade para o período dormente”.

A medida surge poucos meses depois da erupção vulcânica, iniciada a 23 de novembro do ano passado e que se prolongou por cerca de três meses, provocando a destruição de Portela e Bangaeira, os dois povoados do planalto de Chã das Caldeiras.

A destruição dos povoados deste planalto que serve de base aos vários cones vulcânicos obrigou também à evacuação de tais localidades e ao realojamento dos seus cerca de mil e 500 habitantes.

A lava destruiu também uma extensa área de cultivo e infraestruturas económicas, sociais e turísticas locais, prejuízos estimados pelo Governo cabo-verdiano em cerca de 45 milhões de euros.

No encerramento do seminário sobre “Erupção Vulcânica ilha do Fogo", realizado quinta-feira, na capital cabo-verdiana, Praia, o ministro do Ambiente, Habitação e Ordenamento do Território, Antero Veiga, revelou que as autoridades receberam, nos últimos dias, “informações científicas preocupantes”.

Por isso, disse, o Governo considera que “não é recomendável fixar residência em Chã das Caldeiras”.

Isto porque, com a diminuição da atividade vulcânica, muitos antigos residentes tem vindo a regressar ao local na tentativa de retomar a vida que tinham antes da erupção, explicou.

Antero Viego reiterou que já não há “espaço para teimosias, por mais legítimas que sejam as pretensões de algumas pessoas que possam querer fixar residência em Chã das Caldeiras.

“Entendemos o grau de ansiedade, as expressões de descontentamento, a insatisfação. O que não podemos aceitar é o desacato à autoridade do Estado, muitas vezes instigado por atitudes oportunistas”, alertou o governante.

Antero Veiga reafirmou que o Governo vai agir, “com firmeza, para promover o bem comum e restaurar a tranquilidade da população de Chã das Caldeiras, mas com sentido de responsabilidade e elevado sentido de Estado”.

Neste sentido, ele garantiu que, com a escolha de Achada Furna, como localidade para a edificação do novo assentamento para a população deslocada, as ações vão ser aceleradas, nos próximos meses, para devolver a tranquilidade aos afetados pela erupção vulcânica.

O ministro do Ambiente, Habitação e Ordenamento do Território revelou que o Governo está a desencadear um conjunto de medidas tendentes à criação de condições jurídico-legais, materiais e técnicas que viabilizem o reassentamento.

Ele anunciou como medidas a definição do uso e ocupação do solo para o reassentamento, o regime de concessão de moradias construídas e o financiamento à construção, em Achada Furna, de moradia própria permanente, e a atividades produtivas dos deslocados de Chã das Caldeiras.

Foram também decididos incentivos fiscais e financeiros, incentivo ao associativismo e a cooperação com os municípios da ilha, segundo ainda Antero Viega.

O Governo vai adquirir também equipamentos com “tecnologia de ponta” que permite a monitorização do vulcão na ilha do Fogo, visando evitar “consequências catastróficas”.

-0- PANA CS/IZ 05junho2015