Agência Panafricana de Notícias

Apenas 4 países africanos respeitam compromissos em matéria de luta contra sida

Nairobi, Quénia (PANA) – O Togo, a Zâmbia, o Botswana e o Rwanda são os únicos países africanos que respeitaram os seus compromissos assumidos em Abuja, na Nigéria, relativos à luta contra a sida, declarou a Organização de Defesa Antissida (ONE), num comunicado divulgado quarta-feira na capital queniana, Nairobi.

Ao apresentar um relatório alusivo ao Dia Mundial da Sida, a assinalar-se a 3 de dezembro próximo, a organização indica que, em África, cerca de 90 biliões de dólares americanos estão em jogo até 2015, se os Governos africanos puderem mobilizar suficiente vontade política para assumir o compromisso de Abuja de afetar 15 porcento dos seus orçamentos nacionais às despesas de saúde.

"Nós sabemos que o fardo mais pesado desta doença é suportado por África. É imperioso que os líderes africanos estejam na vanguarda da luta contra esta doença. Infelizmente, 13 países vão dever pelo menos duplicar, e em vários casos triplicar ou quadruplar, as suas despesas de saúde a fim de atingir o objetivo de Abuja”, declarou o diretor da ONE para África, Sipho Moyo.

Segundo ele, uma das maneiras como os líderes podem demonstrar o seu compromisso é respeitar as suas promessas de Abuja, bem como aplicar o roteiro da União Africana (UA) de 2012 sobre resposta à sida, à tuberculose e à malária em África.

Durante este ano, os Presidentes norte-americano, Barack Obama; tanzaniano, Jakaya Kikwete; e francês, François Hollande, juntaram-se aos maiores nomes das comunidades científica, política e de defesa contra esta doença para apelar para o « Início do Fim da Sida ».

As Nações Unidas e os Estados-membros fixaram os objetivos a atingir até 2015, incluindo garantir que 15 milhões de pessoas estejam sob tratamento antirretroviral; eliminar praticamente a transmissão da mãe para a criança e reduzir radicalmente a taxa de infeção pelo HIV.

Apesar destes compromissos, um novo relatório estatístico apresentado quarta-feira pela ONE revela que os progressos feitos foram insuficientes para atingir estes objetivos e que, ao ritmo atual, não se atingirá o « Início do Fim da Sida » até 2022, sete anos após a data limite da ONU.

O relatório sublinha igualmente níveis de compromisso financeiro e político desiguais por parte dos países doadores tradicionais na luta mundial contra a sida.

À escala mundial, a ONE afirma que os cientistas dispõem doravante dos instrumentos para fazer recuar a pandemia que matou 30 milhões de pessoas em 30 anos, advertindo que eles podem fracassar devido à falta de financiamentos suficientes, coordenação e vontade política para apoiar a aplicação de programas de luta contra a sida eficazes no mundo.

Paralelamente a este novo relatório, a ONE lançou uma petição online e uma campanha vídeo com o apoio de celebridades, militantes da luta contra a sida e membros da ONE.

Estas iniciativas são concebidas para pressionar os decisores a fim de que eles respeitem a sua promessa de reconstituir o Fundo Mundial de Luta contra a Sida, a Tuberculose e a Malária até ao próximo ano.

Organização Mundial de Defesa cofundada pelo músico Paul Hewson, mais conhecido sob o seu nome artístico de Bono, a ONE consagra-se à luta contra a pobreza extrema e às doenças evitáveis, em particular em África.

-0- PANA DJ/VAO/FJG/AAS/IBA/FK/IZ 28nov2012